quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

abbey road

Abbey Road


Abbey Road foi o último disco que os quatro de Liverpool gravaram juntos (embora não o último a ser lançado) e confirma o que já se suspeitava: eles eram, naquele momento, a melhor banda de rock do mundo. A impressão que se tem é que o relacionamento deteriorado entre eles de alguma maneira traz o melhor de dentro de cada um, seja em virtuosismo, seja em criatividade. Harrison, Starr, McCartney e Lennon dão aulas de música, de colocar o coração no que se faz, demonstram serem enciclopédias de rock and roll. Qualquer que seja o formato: de baladonas (Something, Because), rockões de primeira (Oh! Darling, I Want You, Come Together) a pérolas pop (Here Comes the Sun, Maxwell's Silver Hammer e Octopus' Garden - essa última de Ringo Starr), os Beatles são uma fonte inesgotável de belos sons, com harmonias vocais impecáveis, guitarras que soltam notas e não ruídos de eletrodoméstico, percussão precisa e por vezes enlouquecida e linhas de baixo personalíssimas (a cargo de Paul). E sai tudo com uma impressionante facilidade, e com uma honestidade que há tempos não vemos no mundo do rock. E isso tudo é apenas o lado A. Sim, porque o lado B é reservado para a despedida definitiva do grupo - uma suíte pop composta por nove peças emendadas, que alternam momentos de loucura, sonho, viagem, extrema ternura, dura realidade, humor inglês legítimo e rock and roll em estado bruto, já com um clima de saudade - nunca mais o grande público ouvirá esses sons, e eles deram tudo de si. E a banda parece possuída, produzindo arranjos perfeitos produzidos pelo mago George Martin, tomando conta da cabeça do ouvinte e só a libertando ao final de The End, após um delicioso solo de batera de Ringo e vários solos entrecortados de guitarra de Paul, George e John, como se dissessem que nós não sabemos o que estamos perdendo. Um verdadeiro orgasmo musical, ao fim do qual nos vem a reflexão: "And in the end, the love you take is equal to the love you make". E é isso senhoras e senhores, a maior banda de todos os tempos se despede aqui. (Texto: José Humberto)



Curiosidades sobre o Abbey Road

  1. Os Beatles começaram a gravar o novo disco no dia 16 de abril de 1969, no estúdio da EMI na Abbey Road, em Londres.
  2. As gravações continuaram até meados de agosto. No dia 20 daquele mês, os quatro Beatles estiveram juntos em um estúdio pela última vez, para definir a ordem das músicas no novo disco. Dois dias depois, eles fariam a última sessão de fotos, próximo à nova casa de John.
  3. Abbey Road foi lançado na Inglaterra em 26 de setembro de 1969 e 1º de outubro nos Estados Unidos.
  4. Foi o primeiro disco dos Beatles a não ser lançado em versões estéreo e mono, pois eles achavam que sua música era essencialmente estereofônica e também que a gravação e audição em mono estava ultrapassada.
  5. Foram gravadas algumas faixas que acabaram não sendo utilizadas: "What's the New Mary Jane" (que só foi ser lançada oficialmente no Anthology 3, em 1996), "Not Guilty" (que acabou sendo regravada pelo George em carreira solo) e "Junk" (regravada pelo Paul em carreira solo). Segundo alguns relatos, ainda foram gravadas mais 3 músicas, que permanecem inéditas até hoje: "When I Come to Town", "Four Nights in Moscow" e "I Should Like to Live up a Tree".
  6. O lado A (do disco em LP) tem mais a cara de John: é formado por canções isoladas e poderosas, cada uma com seu apelo específico. Já o lado B é dominado por um medley de vinhetas e músicas incompletas de John e Paul, unidas de maneira genial a partir de uma idéia deste último, com a ajuda de George Martin.
  7. A idéia de batizar o disco com o nome do estúdio foi de Paul McCartney.
  8. O título original do projeto seria "Everest", com a capa sendo os Beatles na frente do Monte Everest. Mas como a capa já estava atrasada, alguém acabou sugerindo que seria mais fácil ir pro lado de fora do estúdio e tirar algumas fotos.
  9. A capa do disco, com os quatro atravessando a faixa de pedestres em frente ao estúdio, foi produzida no dia 8 de agosto. O fotógrafo foi Ian McMillan, que tirou seis fotos em dez minutos, com a ajuda de alguns policiais de trânsito. Abaixo você vê algumas dessas fotos:


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